Diário do Mercado na 5ª feira, 13.04.2017
Investidores realizam lucro acumulado no ano com aumento da aversão ao risco, diante de incertezas internas e externas
Resumo.
A 5ª feira reservou não apenas destaques na agenda econômica, mas, também, um novo incremento nas tensões geopolíticas mundiais com o bombardeio por parte dos EUA na primeira investida bélica do governo Trump contra o estado Islâmico no Afeganistão, bem como desdobramentos no cenário político doméstico.
Risco Geopolítico
Justificado como retaliação à morte de um combatente norte-americano no país afegão, o ataque envolveu o uso da maior bomba não nuclear no arsenal dos EUA, sendo que este ato intensificou a já defensiva postura dos agentes sentida desde a semana anterior com o ataque a mísseis na Síria, que colocou o risco geopolítico definitivamente nas equações dos agentes.
Ibovespa.
Com ganhos superiores a 6% no primeiro trimestre e com a proximidade do feriado da sexta-feira santa e páscoa, o desarme de posições no mercado acionário não surpreendeu.
Em suma, ao impreciso panorama político e fiscal interno, somou-se o incremento das investidas belicistas dos EUA no exterior, induzindo os mercados de risco pelo mundo à realizações de posicionamentos pelos investidores.
O índice doméstico, que já operava em campo negativo pela manhã, acentuou este movimento na parte da tarde. Nem mesmo a reversão da Vale para alta foi capaz de impedir a significativa queda do índice, com baixas generalizadas da maior parte dos ativos, em especial nos setores financeiro, siderurgia e da Petrobras, finalizando a sessão, a semana e o mês na menor cotação desde 22 de março.
O Ibovespa terminou o pregão aos 62.826 pontos (-1,67%), na mínima do dia, com o giro financeiro preliminar da bolsa em R$ 7,72 bilhões, sendo R$ 7,43 bilhões no mercado à vista. O fluxo de capital para a Bovespa teve ingresso líquido de R$ 123,87 milhões no dia 11 de abril, acumulando R$ 940 milhões no mês e R$ 4,48 bilhões no ano.
Agenda Econômica.
Domesticamente, o IBGE divulgou que o volume de serviços prestados elevou-se em 0,7% em fevereiro ante janeiro. Vale resssaltar que houve mudança na metodologia de cálculo, fazendo o dado de janeiro ante dezembro ser revisado de uma baixa de 2,2% para uma alta de 0,2%.
Na comparação com fevereiro de 2016, a queda foi de 5,1%, melhor do que o consenso de mercado, que indicava uma retração de 6,5%.
Nos EUA, o índice de confiança pela Universidade de Michigan espelhou o panorama capturado de melhores prognósticos para com a situação econômica americana e avançou a 98,0 na primeira prévia de abril, ante 96,9 em março.
Na Europa, o dado final da inflação ao consumidor na Alemanha e na França vieram estritamente em linha com as expectativas dos analistas e com a prévia naterior, com leituras denotando respectivamente +1,5% e +1,4% de variação acumulada ano contra ano.
Juros.
Refletindo expectativas frustradas quanto a um elevação de apostas de corte de maior do que os 100 pontos-base na taxa Selic, ocorrido na noite de ontem, e ainda catalisado pela atmosfera de incerteza política interna e geopolíticas no exterior, os juros operaram em majoritária alta ao longode sua curva da estrutura a termo.
Câmbio
Especialmente influenciado pela cena externa, com a arremetida dos EUA dentro do Afeganistão, o dólar comercial (interbancário) subiu frente ao real, fechando cotado a R$ 3,1460 (+0,38%) na sessão.
Risco País: CDS Brazil 5 anos
Na leitura deste momento, o CDS Brazil 5 anos (CBIN) oscilava aos 228 pontos, estável ante a pontuação de 4ª feira.
Para a próxima semana.
No Brasil, a reforma da previdência – que observou viés pouco melhor no clima das negociações, apesar do placar divulgado permanecer desfavorável – dividirá os holofotes com novos capítulos sobre os integrantes da lista sob investigação no STF - fato mais relevante no âmbito político desta semana que termina.
A agenda econômica também prevê destaques: na segunda, atividade econômica (IBC-Br), na terça, a ata da reunião do Copom, na quinta, o IPCA-15 e, até sexta, o Caged (criação de postos de trabalho).
Imprevisibilidade de Trump
Externamente, Trump deve permanecer nas manchetes com sua imprevisibilidade ofuscando a agenda econômica que inclui destacadamente a divulgação do Livro Bege nos EUA, além de dados diversos advindos especialmente das economias europeias e asiáticas.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 5ª feira, 13.04.2017, elaborado por HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI-T, Analista Sênior, e RAFAEL REIS, CNPI-P Analista